Tudo desaba no meu
mundo de papelão.
A noite faz-me sangrar.
Cortei as artérias do coração.
Há o grito que rompe as entranhas
de uma forma tónica.
Ouviste?
Sinto nos teus lábios
as sílabas átonas.
A palavra forma-se
com o nosso beijo.
Elas assumem o seu lugar.
Ficam alinhadas.
Os versos criam muralhas.
Nascido das nossas mãos,
guiados pelas aves do céu,
surge o poema.
Nada nos pertence.
O poema torna-se intemporal.
Tudo é eternizado
no silêncio da palavra escrita em nós.