Nos olhos paira a
ausência.
A voz está enrouquecida e
lenta.
Regressam coisas ocultas.
O teu rosto está perdido,
meu anjo selvagem,
na minha memória.
Deito-me junto da tua
imagem.
As aves fogem.
Quando acordo
estendo os braços para a
madrugada.
Devagar os pouso.
Fecho os olhos e não ouço.
Em silêncio, meu amor,
quis saber de ti.
Voa um pássaro pálido e
azul
e pousa no beiral.
A noite foge.
Salvas-me da noite escura.
Debruço-me sobre ti.
Embriago-me com o teu
cheiro e a tua ternura.
Viajo nos teus olhos.
Agarro-me a ti.
Mergulhamos no leito
e surgem ondas no rio.
O desejo torna-se uma onda
de fogo
e queimamos os nossos
lábios em beijos intensos.
Tornamo-nos um só
e a noite fica branca, com
a nossa luz.
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