domingo, 8 de janeiro de 2017

A gata





Foto: Axel L.

Durmo debaixo da roupa.

Estou escondida.

Para que desperte,

tens de descobrir-me.

Despe-me.



Riscas a minha pele.

Fazes de mim a brasa

que a fogueira atrasa.



Acordo algemada nos teus braços

e tu ficas com a boca

no corpo.



Seguras o frio das mãos

e creio que ficarás

com uma constipação.



Deita-te dentro de mim.

Embala-me.



Nunca me reconhecerás

quando apagares

as tuas marcas

do meu peito.



Sempre que se ouve um gemido,

ele fica retido

no parágrafo silencioso.



Por isso,

quero ser gata

e ter várias vidas .

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