segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Diversão de morte




Foto: Kristian Liebrand


Apanhei o cabelo.

Não gosto de ter nada

à frente dos olhos.

Gosto de ti.



Sabias que as pessoas

são esqueletos cobertos de pele?

Mas eu não quero

que vejam o meu.

Depois cobiçam a minha existência

e dizem que sou pele e osso.

E eu, ouvir isso,
não posso.



Sabias que a pele tem muitos poros?

Há muitos buracos por onde podes

entrar e fazer

a minha pele respirar.

A terra é fria

como a cova

que o corpo provoca,

quando me empurras para lá.



Sabias que podes conservar-me?

Podes colocar-me no congelador.

Não podes tocar-me.

Sou casta e o teu calor

desconstrói-me.



Sabias que a língua

é a nossa pátria?

Então vou colocar a minha

na tua boca.

Está bem! Chama-me louca.

É lá a sua casa!



Depois de escrever,

irei morrer

de riso.

Vou guardar

o sorriso na mão,

um pequeno caixão.



Tudo para que faças o contrário:

o ressuscites,

quando deixares de

marcar no calendário.



Entretanto,

tenho esta diversão de morte.

2 comentários:

  1. Serei a tua morte,
    enquanto me pensares
    Serei o teu renascimento
    enquanto me sonhares
    Belíssimo cara Amiga..Um bj

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  2. Este breve sopro deixa no rosto o cheiro da morte? O gosto, porém, é de poesia.
    Um abraço,

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