Foto: Ruslan Lobanov
São 3 da tarde.
Vamos a um enterro.
Despe a tua melhor roupa.
Aquela que assenta
que nem uma luva
no meio do chão.
Deves ir apresentável.
Aviso-te
que o enterro é no Sul.
Assim já sabes que podemos
perder o Norte.
Atravessamos a casa da morte.
Abrimos a noite.
Nestes casos nunca se sabe
como devemos estar.
Julgo que apenas
haverá posições a adotar:
De pé a olhar;
Sentada para sentir;
Ajoelhada para venerar.
Sentes o sabor
do perfume
líquido das rosas
na boca.
Soluço entre as pernas.
Agitas as águas.
Depois de semear ventos,
colhes tempestades.
Não contenho as lágrimas
e elas escorrem nas palmas
das tuas mãos.
Caio de joelhos.
Fico suja de terra.
Já nada tenho para vestir.
Pela boca morre o pexe
e eu digo que é pela boca
que nascem as árvores
de tronco viril.
Ecoa o cântico orgásmico
pelas paredes dos corpos.
Sinto o fogo a consumir-me
até me cremar.
Enterras-te comigo
dentro de mim.
Ninguém sabe
que morremos.
Ressuscitamos ao terceiro dia.
O sinal é o cântico que ecoou aqui.
Ouviste?
Olá Ana.
ResponderEliminarÉ a primeira vez que venho no seu blog, e já virei seu fã.
Que poesia bela!
Cheia de detalhes e imagens que fazem brotar sensações a quem lê.
Muito bom!
Virei sempre aqui.
Tenha uma semana abençoada!
Como sempre um poema com ritmo e imaginação . Um beijo.
ResponderEliminarFatal! Um espetáculo de poema amiga. Daqueles de tirar a respiração. Beijinhos
ResponderEliminarMais um trabalho extraordinário e surpreendente... que nos agarra da primeira à última palavra... de leitura imparável...
ResponderEliminarAdorei!!!! Beijos!
Ana