domingo, 19 de junho de 2016

Vem sentar-te comigo




Vem sentar-te comigo no CCB.

Não sou dama.

Não sou rainha.

As cartas que deixo

não são de amor.

Apenas gosto de jogar.

Não tenho ouro

para te entregar.



Vem sentar-te comigo no CCB.

A cama é a mesma.

Apenas tem lençóis lavados

dos corpos suados.

Na frincha da porta

há gritos de fogo

diluídos.



Vem sentar-te comigo no CCB.

Não sei as horas.

Gosto mais de quartos

embora deixe as meias

pelo chão,

mãos alheias que piso.

Preciso apenas de segundos

para te conhecer ao minuto.



Vem sentar-te comigo no CCB.

Mesmo de vestido,

seja ele comprido,

adivinhas as curvas da vontade

na nudez hibernada.



Vem sentar-te comigo no CCB.

Deixo as coxas apertadas

Para que não deixe escapar nada.

Consomes a minha timidez

e deixo as portas se abram de vez.



Vem sentar-te comigo no CCB.

Cultiva-te.

Tudo recomeça.

Sem pressa.

Não falaremos latim.

Dizem que é uma língua morta.

Aqui não será assim.



Vem sentar-te comigo no CCB.

Prometo deixar-te tocar-me nas costas

e deixar-te dançar com

a nudez que não está à mostra.



Vem sentar-te comigo no CCB.

2 comentários:

  1. Um belo, sensual e insinuante poema...
    De leitura deliciosa, como sempre...
    Adorei! Beijinhos
    Bom fim de semana
    Ana

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