sábado, 7 de maio de 2016

Ponto de colisão





Desembaraças o meu cabelo

de palavras.

Entranço o cabelo de desejos.

Sabias que os prendi

com elásticos?

Dizem que eles vêm e vão.

Estão bem apertadinhos

nos poros da pele

que aconchegas na palma da mão.

 

Empresto-te o beijo

que tenho selado nos lábios

e mato-te a vontade

só para poder enterrar-te

bem fundo no mar.

Sabes nadar?

 

Sabes,

ninguém nos conhece

e os sentidos emprestam

fogueiras aos olhos parados.

 

Viro-te as costas.

Sei que gostas

de ler

poemas ocultos.

 

Fico em ponto morto.

Mordo o lábio.

Aquece-me as mãos

pela calada.

Sem uma única palavra.

Apenas res(sus)pira.

 

É este o ponto de colisão.

Despistaste-te?

 

3 comentários:

  1. Que desenvolvimento hipnótico!!!
    Fui atraído pela história!
    Parabéns!

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  2. "Desembaraças o meu cabelo de palavras". Um belo começo para um poema excelente, cheio de ritmo e de uma certa ironia...
    Beijos.

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  3. Sempre um magnifico choque frontal... Chegar aqui... para me deliciar, com mais um poema assim... numa forma apenas aparentemente simples... mas de uma profundidade e arrebatamento desconcertantes!...
    Como sempre... um trabalho formidável!
    Beijinhos! Bom domingo!
    Ana

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