sábado, 9 de maio de 2015

À vista desarmada



 
Se eu (me) vier

à noitinha,

será na minha cama de linho

onde alinho

as minhas longas pernas.

 

Dispo-me

e deito metaforicamente

o meu corpo,

planície ondulante.

 

Percorro-me pelo avesso.

Nos recantos onde ando
    
sem ti.       

Dedilho acordes

de suspiros

na rua da rosa.

Sonho com as mãos.

 

A voz fica escrita no corpo.

Veste-me de fogo.

Procura-me nas palavras,

poesia de sentidos

onde ficamos perdidos.

 

Incandescente,

ficas do lado de dentro

para que possa morrer lentamente

do lado de fora,

à vista desarmada,

entre as nossas pernas.

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