sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A Rosa da Saudade


Na Saudade não há enlace.

Estende-se a mão e não há alcance.

É o rio que corre no leito,

que escorre e inunda o peito.

Não volta atrás.

 

Vasculharia as palavras

no fundo da gaveta

para as espalhar no deserto do papel.

Juntaria as letras.

Formaria palavras.

Afinal precisaria de companhia.

Não gostaria de estar sozinha.

 

As palavras nada diriam.

Ficaria entre a Vida e a Morte.

Ficaria entre o Grito e o Silêncio.

A página deserta

tornar-se-ia uma ferida aberta.

Com palavras violentas ou ternas

cavaria fundo a sepultura

com as  mãos fechadas em torno da caneta,

instrumento de tortura.

 

Seria uma boneca com olhos de esperança

perdidos nos sonhos

de quem se ama e não se alcança.

Seria uma Vida que passa lenta.

Seria de pouca dura.

Contentar-me-ia a olhar para as mãos vazias

em busca dos teus restos de ternura.

 

No final seria a Rosa da Saudade

sem espinhos e sem idade.

Brotaria sem chão

na lembrança de um novo Amor

com feições desconhecidas.

3 comentários:

  1. Olá poetisa.
    A saudades é para mim uma palavra maldosa.
    Gostei de "Na Saudade não há enlace."
    Parabéns.
    Sálvio Sérgio
    http://salviosergiocampos.blogspot.com.br/

    ResponderEliminar
  2. Adorei ler ;)

    Parabéns!

    http://planopalavras.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  3. Sensível.
    Coisas da saudade que vai desenhando suas letras no papel.

    Abraços

    ResponderEliminar