domingo, 9 de outubro de 2016

Queres voar?




Foto: Ruslan Lobanov


Aterro na cama

e não sou um avião.

Deixo a minha consciência

debaixo do colchão.



O corpo olha-te

de lado,

vivo,

afogado na fantasia

diluída na pele.



Trazes a faca

para me esfaqueares.

Cortas-me a cabeça.

Não penso.

Cerra-me os lábios

Com a língua.

Leva as palavras duras

para a rua.

Atira o meu coração

pela janela.

Deixa lá o peso das estrelas.



Habita ,

mortal,

o reverso do que

há em mim.



Queres voar?


2 comentários:

  1. Mais um trabalho excepcional... que nos chega bem ao reverso de nós... as tuas palavras têm sempre uma força incrível!
    Adorei! Beijinhos!
    Boa semana!
    Ana

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  2. Para quê as asas se podes aterrar na cama? Há o fascínio do voo, eu sei... O teu poema tem um imaginário a que já me habituei e que acho invulgar.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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