domingo, 16 de outubro de 2016

Posso fazer algo por ti?


 


A janela abre-se sobre a rua

e antes da nudez consomada

já me vês nua.



Posso fazer algo por ti?



Pisa-me que eu deixo

que faças as tuas marcas.

É uma batalha perdida.

Tenho a mão na faca.



Posso fazer algo por ti?



A carne dissolvida

na saliva.

Não o calo

e não dorme o falo.

Selo de joelhos a intimidade.



Posso fazer algo por ti?



 Respiro para que não doa.

Onde acaba a roupa e

começa a pele,

para pontos mais altos

e buracos mortíferos,

algo nos impele.



Posso fazer algo por ti?



Receio como tu

o mutismo.

Não quero agarrar estrelas cadentes.

Não tenho esse desejo.



Posso fazer algo por ti?



A poesia não tem grades

mas doem-me as costas.



Mas, posso fazer algo por ti?

4 comentários:

  1. Mais uma vez, um trabalho de leitura imparável, apaixonante e arrebatador! Parabéns! Adorei!
    Beijinho! Boa semana!
    Ana

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  2. Um imaginário muito sensual. A paixão como forma concreta da poesia. Muito belo.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  3. Uau....pedaços de frases de fazer calar! Adorável erotismo

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  4. Posso fazer algo por ti?
    Sim... mas é inconfessável...
    Um beijo!

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