Foto: Kemal Kamil
Talvez nunca perca
o alcatrão
das palavras
mastigadas,
mas nunca engolidas em seco,
que se agarraram aos dentes.
Alastra mas não mata.
Apenas desgasta.
Desvitaliza-me.
Na fissura da raiz
encontro o abismo.
Nas escadas caligráficas
mantenho as mãos
estendidas para a dança
com o pó.
Conserva o que existe.
Revela que estou só.
Nesta espécie de céu
em que os sorrisos são de carvão,
as sombras despendem-se do chão.
Apago o que está na cabeça
para que nada eu esqueça.
Mesmo com as mãos molhadas
de ternuras,
não coloco os pontos nos is.
Não são pontos fortes.
Deixo-te com razão,
um sorriso de algodão
que não engana ninguém.
Um sorriso de algodão... traduzido em palavras directas, repletas de autenticidade...
ResponderEliminarMais um poema, que foi um prazer descobrir por aqui...
Beijinho
Ana