sábado, 27 de fevereiro de 2016

Ironicamente



Hoje comi chocolate.

Adoro chocolate, sabias?

Bem te disse que te falaria

de coisas doces.

 

Não sou uma mulher madura.

Já caí várias vezes.

Ninguém colhe o que cai.

 

Não tenho casos arquivados.

Não tenho casos por resolver.

Sou apenas um caso perdido

que está preso no domicílio

de um corpo.

 

Se fosse costureira

falaria para os meus botões.

Falo com a minha mãe,

Língua Portuguesa,

e prego para peixes de papel.

 

Quando me cantam

Versos em linhas de fogo,

tapo os olhos

para não cegar dos ouvidos.

 

Quando idealizo,

faço-o de luz apagada

pois acredito

que terei ideias brilhantes.

 

Queria usar as palavras

para me despir por dentro.

Dizem que isso

é algo que não se vê.

Atirei a roupa pela janela fora.

 

Tenho um quarto na Lua

e um quarto na hora.

Ainda demoras

ou vens agora?

 

Antes que me esquecesse

de apagar a luz,

fiquei sem companhia na cama.

A almofada caiu.

 

Fiquei sem palavras.

Fiquei sem companhia.

Fiquei sem roupa.

Ironicamente.

4 comentários:

  1. Obrigado por visitar minha página... Virei outras vezes com mais tempo para me inspirar....Abraços...

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  2. Olá, Ana.
    Desculpa demorar a responder à tua visita.
    Estive em "banho-maria" ;)
    Gostei da tua "ironia".

    bj amg

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  3. E não é com ironia que digo que adorei, mais este poema... mas com absoluta sinceridade!...
    Excelente trabalho, como sempre! Beijos
    Ana

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