Partirei quando vir
o teu perfil como
caravela dourada
e a tua pele entranhada
de perfume que não há.
Partirei quando a terra
de nevoeiro
ficar saturada e conseguires
escrever-me ecos compassados
de silêncios.
Partirei na inexistência de mares
bocais
nunca antes navegados.
Mas haverá sempre ida e uma (re)volta!
Regressarei na barca da estrofe
com remos de
versos
canelados e apimentados
em sentido proibido.
Regressarei quando caírem
as primeiras sílabas
na espuma branca
do mar de poesia.
Regressarei quando me vires
além do poema
e me tornares voz
na corda (vocal)
onde me fazes baloiçar.
Vestidos de fogo,
iremos enxugar as palavras
naufragadas
e guardadas em gavetas orvalhadas.
No regresso abriremos
essas arcas proibidas
cobertas pela verdura
dos meus olhos.
Regressarei morta por
despir e por amar.
Apenas para ti
abrirei a rosa cálida,
plena e húmida
que trago.
Fundir-me-ei contigo
quando recolheres a luz
que imana do meu corpo.
Abrirei as comportas
do peito
e dos nossos lábios entreabertos
deixaremos partir
a língua com o pecado
a bordo.
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