domingo, 21 de dezembro de 2014

Enquanto dormes


 
 
Enquanto dormes

sei dos teus olhos acesos

que me fazem despertar

quando te conjugo

e fecho os braços devagar.

 

Enquanto dormes,

apago a existência elétrica do dia.

Estendo-me

e encosto o ouvido

à parede do colchão.

Suavemente palpita o coração.

Escondo-me noturnamente

no eco dos lençóis vazios.

 

Enquanto dormes,

abro compassos

em silêncio.

Restrinjo-me a uma sombra.

Finjo que percorro,

sem pausas,

o teu corpo,

compassando carícias.

 

Enquanto dormes,

agarro o impulso de te

agarrar.

Não é possível!

Estou a delirar.

Gemo contigo

no intervalo da contraluz.

As tuas feições silenciosas

ficam mais nítidas e palpáveis.

 

Enquanto dormes

fito-te com o brilho

das estrelas

da escuridão da minha alma.

Fico na margem do teu corpo

e aguardo que me embrulhes

com a tua voz.

Desperta!

 

Enquanto dormes

fica a noite mais fria

e orvalha o desejo.

Visto-me de insónia

e da janela do meu quarto

e no meu claro enleio,

penso que estás no meu leito

e chamas por mim.

 

Enquanto dormes

repousa o meu corpo

nas tuas mãos

e tu não sonhas

que seja possível.

1 comentário:

  1. Tudo se torna possível nos meandros do amor.
    Mesmo impossível... e eu nem duvido.
    Beijo.

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