domingo, 14 de dezembro de 2014

A Boca


 

Inclina-te

e fecha os olhos

para o Amor.

Não é preciso ver

o que vai acontecer.

Ele é cego,

já devias saber.

 

Morde-me os lábios,

a curva do desejo.

Faz isso com jeitinho.

Corta a direito

pois tens de desfazê-la com carinho.

 

É preciso usar o sentido

para te ligares

ao Amor.

 

Gosto.

Sabor:

Amargo?

Ácido?

Salgado?

És simplesmente o doce

aperitivo para o meu pecado.

 

Temo o que me vais dizer.

Não digas.

Não quero saber.

Mas não feches a boca.

Pode ser?

 

Não engulas em seco.

Podes-te engasgar.

Rasga as águas

com o teu suave ondular.

Usa a língua para me falar.

 

Deixo-me engolir

pelas palavras que não dizes.

 

Apeteces-me.

Tenho fome de ti.

 

Na madrugada húmida,

penetras nos espaços

e ejaculas o teu beijo

no “céu”,

meu e teu.

 

Prendes-me de uma forma

gustativa a ti.

O beijo é a voz

sem cordas vocais.

 

Apeteces-me.

Tenho fome de ti.

Devora-me.

 

Não sou o capuchinho vermelho.

Tu não és o lobo mau.

Apenas ando a caminhar

na floresta da fantasia

que espelho no mundo da Poesia.

 

Cega-te.

Beija-me.

Devora-me

com a tua língua

portuguesa.

5 comentários:

  1. Maravilhoso!! Amei

    Beijinhos
    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Lindo seu trabalho fiquei encantado, tenho a mania de quando estou aborrecido comigo mesmo sair lendo ou buscando a poesia, a sua me encantou.
    E me acalmou.
    Jorge

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  3. Achei o seu trabalho, lapidado, não me dou ao trabalho nem de ler o texto mais que duas vezes, o seu não, as reentrâncias se encaixam com perfeição, vc esta de parabéns, vou colocar me ti seguindo para sempre que precisar vir por aqui.ti ler, uma boa noite.
    Jorge.

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  4. Que delícia de leitura. Li com um sorriso nos lábios! Bravo!!!

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