domingo, 28 de dezembro de 2014

Esquina clara

Foto. Regard sur Image (página do Facebook)
 
Recolho-me na concha

e desabrocho na

ondulação do vento.

 

Estende o braço.

Abre a mão.

Quero tocar

no oculto da tua roupa.

 

Trago compassos

que vou abrir

ao alargar o nosso espaço.

Simples raio.

Espaço circular onde,

quando abro os braços

e posso rodopiar.

 

Puxa-me para ti.

Estás livre.

Solta-me a mão.

Eleva-me do chão.

Posso voar

e rasgar o ar.

 

Andamos às voltas

para manter acesa a fogueira.

É preciso oxigenar o Amor pois

há fortes riscos de morrer de apneia.

 

Respira na página

quando te dou corda.

Deixo que a língua fale em silêncio.

É assim que o Amor acorda

sem Solidão.

 


Anoitece

e dançamos em Sol menor.

Sem dó

Lá num espaço encantado.

Quebra-se o gelo.

Recolhe as estrelas do meu cabelo.

vamos pelas ruas adentro.

 

Nos reencontraremos,

quando dobrarmos a esquina clara

do desejo que cai no pano

virgem.

Nada receies.

Estarei cá para o ano.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

FELIZ NATAL


          A todos vós, leitores, que seguis a minha humilde página, e público em geral, desejo um Feliz Natal.
         Agradeço o vosso carinho e atenção. Sem vocês isto não seria possível
         Uma boa inspiração para este Natal é, sem dúvida estar na companhia dos que mais amamos. Venham daí os doces e aconcheguem o vosso coração com um pouco de poesia. Vamos ter frio este Natal. Agasalhem-se com alegria, boa disposição e uma mantinha .
           Estamos juntos pois o que nos liga é o verso
          Um abraço, Ana

https://www.facebook.com/pages/Inspirem-se/152092588276991

 
 

domingo, 21 de dezembro de 2014

Enquanto dormes


 
 
Enquanto dormes

sei dos teus olhos acesos

que me fazem despertar

quando te conjugo

e fecho os braços devagar.

 

Enquanto dormes,

apago a existência elétrica do dia.

Estendo-me

e encosto o ouvido

à parede do colchão.

Suavemente palpita o coração.

Escondo-me noturnamente

no eco dos lençóis vazios.

 

Enquanto dormes,

abro compassos

em silêncio.

Restrinjo-me a uma sombra.

Finjo que percorro,

sem pausas,

o teu corpo,

compassando carícias.

 

Enquanto dormes,

agarro o impulso de te

agarrar.

Não é possível!

Estou a delirar.

Gemo contigo

no intervalo da contraluz.

As tuas feições silenciosas

ficam mais nítidas e palpáveis.

 

Enquanto dormes

fito-te com o brilho

das estrelas

da escuridão da minha alma.

Fico na margem do teu corpo

e aguardo que me embrulhes

com a tua voz.

Desperta!

 

Enquanto dormes

fica a noite mais fria

e orvalha o desejo.

Visto-me de insónia

e da janela do meu quarto

e no meu claro enleio,

penso que estás no meu leito

e chamas por mim.

 

Enquanto dormes

repousa o meu corpo

nas tuas mãos

e tu não sonhas

que seja possível.

domingo, 14 de dezembro de 2014

A Boca


 

Inclina-te

e fecha os olhos

para o Amor.

Não é preciso ver

o que vai acontecer.

Ele é cego,

já devias saber.

 

Morde-me os lábios,

a curva do desejo.

Faz isso com jeitinho.

Corta a direito

pois tens de desfazê-la com carinho.

 

É preciso usar o sentido

para te ligares

ao Amor.

 

Gosto.

Sabor:

Amargo?

Ácido?

Salgado?

És simplesmente o doce

aperitivo para o meu pecado.

 

Temo o que me vais dizer.

Não digas.

Não quero saber.

Mas não feches a boca.

Pode ser?

 

Não engulas em seco.

Podes-te engasgar.

Rasga as águas

com o teu suave ondular.

Usa a língua para me falar.

 

Deixo-me engolir

pelas palavras que não dizes.

 

Apeteces-me.

Tenho fome de ti.

 

Na madrugada húmida,

penetras nos espaços

e ejaculas o teu beijo

no “céu”,

meu e teu.

 

Prendes-me de uma forma

gustativa a ti.

O beijo é a voz

sem cordas vocais.

 

Apeteces-me.

Tenho fome de ti.

Devora-me.

 

Não sou o capuchinho vermelho.

Tu não és o lobo mau.

Apenas ando a caminhar

na floresta da fantasia

que espelho no mundo da Poesia.

 

Cega-te.

Beija-me.

Devora-me

com a tua língua

portuguesa.