domingo, 26 de março de 2017

Fome




Foto: Ruslan Lobanov


Percorremos a via-sacra

ao sabor do instinto.



Não há maldade.

Podia ser freira

mas desprendi-me do hábito

(antigo).



A palavra morde a língua.



Há a queda nas estações.

Por aqui é Primavera

ou  Verão.



Não há duas sem três.

Caio de quatro.

Carne.

Terra.

Decomposição.

Ejacula.

 Boa-fé.



Há círculos de fome

Na matéria.



Regressámos nus

com a violência

do grito sem literatura.



Seja feita a nossa

vontade na terra.



Oremos para a fonte nunca secar.



Sejamos fiéis

e mantenhamos a convicção:

não há fome

que não dê em fartura.

3 comentários:

  1. e ficas no silêncio que semeias....


    abç

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  2. Que nunca seque a fonte...
    Um beijo.

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  3. Sejamos sempre fiéis a nós mesmos... e que jamais se caia na tentação, de deitar por terra tal convicção...
    Mais um dos teus trabalhos... que nos deixa fome... já ansiando pelo próximo...
    Como sempre, a tua escrita é admirável!
    Parabéns! Beijinho
    Ana

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