domingo, 2 de abril de 2017

Flores de Abril




Foto: Sebastian Faena

O vento empurra-te para mim.

Deixo cair os caracóis,

lentamente,

pelas costas.

A língua desloca-se

isolando os gritos

dos olhos fechados.



“O vestido é indecente….”

(as árvores despem-se

no Outono)

(…) “devias tirá-lo”.



E tudo cai

e se mantem firme.

A terra está orvalhada

e o corpo com impulso.



Pássaros chegam

e pousam nas ancas

e fazem o ninho entre

as pernas.



Esvoaçam.

Agitam a vida

desvendando os mistérios

do corpo,

abrindo as flores

de abril.

2 comentários:

  1. Tens o dom da escrita e nela deixas todos os teus sentidos...Um belo poema, é sempre um prazer ler-te, abraço

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  2. Já tinha saudades, de ler estes textos poderosos... sem medo das palavras...
    Adorei! Beijinho
    Ana

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