domingo, 26 de julho de 2015

Enfeitiça-te


Foto: Anekceeb
 
Atravesso a brancura inocente

que virgem violo.

Acolhe-me o que é visível.

O sopro mágico

faz o vazio falar.

 

Ninguém pode salvar-me

do que pode matar-me.

 

Embala-me o som

do silêncio,

marés de palavras ecoadas

no espaço.

 

Parte-se o espelho.

Ficam estrelas cadentes

trituradas.

Acabou-se a magia.

 

Descobre o mistério da reflexão.

Vê abertamente por dentro

o que se oculta

pelo lado de fora.

 

Afasta as nuvens.

Torna-me transparente.

 

Mastigo o silêncio.

Engulo a palavra,

sopro de luz.

 

Sobe até à ponta dos cabelos

com os lábios húmidos

na ponta dos dedos.

 

À luz nua

recolhe-me  e bebe a poção

da eternidade.

Enfeitiça-te.

Sem comentários:

Enviar um comentário