Foto: Khuraman Yuzbas
Deixas-me fora de órbita.
Cega por ti.
Sufoco a cada verso teu,
linhas que me prendem
à árvore da Vida.
Lancetas a minha pele
com o cristal das tuas palavras.
Morro no eco
das palavras mortas
que me escreves.
Tenho a última convulsão.
Retira-me a Razão.
As vísceras guarda-as:
recordação de existir.
Viras-me do avesso.
Liga-me.
Perfuma-me.
Fico com a ternura
paralisada
no rosto,
de braços abertos para ti:
sombra acesa na noite.
Ergues as mãos para o céu
e apelas.
Absolvido de pecado,
és profano.
Deixas uma flor nos meus lábios:
beijas-me.
Percorres-me debaixo da pele
na cama acesa
onde nos recortamos como sombras.
Assim se santifica a nudez
e se descobrem
os segredos do Céu.
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