sábado, 18 de abril de 2015

Segredos do céu


 
Foto: Khuraman Yuzbas
 
 
 
Deixas-me fora de órbita.

Cega por ti.

Sufoco a cada verso teu,

linhas que me prendem

à árvore da Vida.

 

Lancetas a minha pele

com o cristal das tuas palavras.

Morro no eco

das palavras mortas

que me escreves.

Tenho a última convulsão.

 

Retira-me a Razão.

As vísceras guarda-as:

recordação de existir.

Viras-me do avesso.

Liga-me.

Perfuma-me.

Fico com a ternura

paralisada  no rosto,

de braços abertos para ti:

sombra acesa na noite.

 

Ergues as mãos para o céu

e apelas.

Absolvido de pecado,

és profano.

Deixas uma flor nos meus lábios:

beijas-me.

Percorres-me debaixo da pele

na cama acesa

onde nos recortamos como sombras.

 

Assim se santifica a nudez

e se descobrem

os segredos do Céu. 

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