sexta-feira, 5 de julho de 2013

Quando adormeço


Morri, confesso.

Já não sou eu.

Procurei um rosto que fosse metade do meu.

Possivelmente encontrei-o num sonho.

Acordei cedo demais.

Vou dormir.

 

Sou o caos e a agonia.

O silêncio pousa nas mãos

e tu trazes nos teus dedos a harmonia.

A luz arrasta a noite

quando rompes o nevoeiro

e dou o meu corpo inteiro

derramando a tinta do tinteiro

no papel em que escrevo.

 

Digo-te que estou aqui.

Estou viva e não morri.

Estou bem pertinho de ti.

Amo-te mas o horizonte escurece.

Amo-te e estás distante.

Afinal amo o que não tenho.

Estou carregada de pedaços de ti:

são as Saudades que trago no peito alagado pelo Mar de tristezas,

mágoas e incertezas.

 

É isso que me sufoca.

Recebo o meu desejo trazido no teu beijo.

As águas estremecem.

As palavras renascem e descobrem os nossos corpos desnudados.

O céu está aberto.

Os espaços estão desertos

mas preenchidos com o Canto que trazemos na voz.

Quando acordar espero que estejas a meu lado,

caso contrário voltarei a adormecer.

1 comentário:

  1. Afinal, muitas vezes amamos o que não temos...
    Precisamos aprender a amar aquilo que temos...
    Saudações poéticas e parabéns pelos bonitos versos!!!

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