domingo, 20 de novembro de 2016

Promessa



Traço a perna

no meu vestido negro.



Quero quem nunca vi.

Quero quem nunca conheci.



Tenho pressa

de chegar.

Essa vontade

não consigo dominar.



Afasto o que

Cobre o monte da Deusa.

Lavo aí as minhas mãos.

Benzo os meus lábios violeta

com a água da fonte.



Prometo.



Vou levar-te ao espaço.

Vais descobrir luas

novas e minguantes.

É essa a viagem

dos amantes.



Até me doerem os lábios,

que não vês,

preciso de faíscas,

da colisão,

contra a parede

ou o colchão.

Ou do que estiver à mão

ou ao corpo.



Quero prender-te

nas algemas

dos meus dedos.

Sentir-te por dentro.



Rasga-me a máscara

do corpo.

Inunda-o, nu.

Torna-me uma extensão

de ti.



Prometo:

o vestido negro

só cairá na tua presença.



Prometo.

Logo que te conheça.

Prometo.

2 comentários:

  1. Com este contido erotismo faz um poema maravilhoso...
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  2. Ahhh!!! O desejo do desconhecido!
    o arrepio que nos faz estremecer,
    que provoca aquele nó na barriga.
    O olhar que nos atravessa,
    a roupa que escorrega,
    a pele que nos toca... na pele.
    A promessa dos sentidos!...
    Um beijo

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