domingo, 24 de abril de 2016

Em caixa



Foto: Marta Bevacqua

Temos de acertar contas.

Será esse um bom plano.

 

Escondi-me dentro de uma caixa.

Dizem que aí há valor.

Dizer armário é vulgar.

E eu não sou arrumada.

 

Fiquei acorrentada.

Eram correntes de ar.

Era isso que me fazia

arrepiar.





Achei que devia ter classe.
Dar mais rendimento.
Valorizar o ativo tangível.
Seria um investimento.


 

Tirei uma fotografia.

Depois tive a revelação.

Não trazia nada nas costas.

Apenas a saia esticada

e as pernas à mostra.

 

Vou para  a rua

com palavras inúteis,

enquanto desafias as leis.

 

Quebras internamente

o que é bruto.

 

Estou em débito para contigo.

Abres a caixa para saldar,

ou consegues suportar? 

3 comentários:

  1. Ana Pereira
    Gostei de ler a linda metáfora poética. Achei o poema bem delineado.
    Abraço

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  2. Ao ler o teu poema lembrei-me de Ramos Rosa: " Débito e Crédito
    a minha alma não dança com os números..."
    Beijos.

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  3. Uma coisa é certa... ler-te, sempre será uma mais valia!...
    Mais um poema muitíssimo bem estruturado, que adorei descobrir por aqui...
    Beijinhos
    Ana

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