Foto: Pavel Kiselev
O possível não chega
O impossível não basta.
Quando o aconchego
dos lençóis lavados
forem o teu único consolo,
significa que os braços ainda não
agarraram a tua solidão.
Quando tiveres saudades de um beijo
na boca
bebe um copo de água pois satisfará
o teu desejo.
Beijar é natural como a tua sede.
Talvez te aperte a garganta
quando o que lês
te passar nas cordas.
Talvez fiques na corda bamba
e te faça fixar o olhar
na ausência do ar.
Não tenho sonhos em mim.
Caso contrário
andaria sempre a dormir.
Não me rendo à arquitetura métrica
do mundo que me possui.
Mantenho a verticalidade das coisas
tendo o horizonte presente
nunca preenchido
de gestos ausentes.
Estou presa na teia da língua
esperando ser abocanhada na gruta
do céu.
Sou uma viciada assumida.
Uma dependente das palavras
que me fazem gritar
e orvalhar a rosa
sem freios no peito.
Assim,
quando não escrever mais poemas,
significa que morri.
A criatividade a dar alento à vivência...
ResponderEliminarUm belo poema.
Beijo.
Temos aqui a beleza em poesia. Poema que prende.
ResponderEliminarUma viciada na boa escrita. Adorei. Um abraço com carinho
ResponderEliminarA "língua" a falar em silêncio.
ResponderEliminarabç amg
É mesmo esse seu jeito... sem freios no peito... que tanto gosto de apreciar, por aqui, através das suas palavras, Ana!
ResponderEliminarMais um poema incrível! Beijos
Ana