domingo, 6 de dezembro de 2015

A máscara

 
Foto: John Borg
 
Nunca soube olhar

 para o espelho.

O reflexo nunca

foi nada de bom.

 

Nunca dei nada de mão beijada.

Afinal não devemos levar

algo dado

mas trazer algo novo.

 

À primeira vista

nada se ama

porque tudo surge

do que se provoca.

Não do que se vê

mas do que se toca.

 

Simplesmente o olhar,

nitidamente,

pode devorar-te

a carne.

 

Ficam vagas de silêncio

no corpo agitado.

Transpiro gritos

nas veias  palpitantes.

 

Mantenho o corpo

à tona

mesmo que o fio da navalha

possa rasgar o ar

que respiro.

 

O que se passa por dentro,

ninguém vê.

Todos sangramos.

Estamos vivos!

 

Somos seres ocultos

pela máscara de pele

que vestimos.

8 comentários:

  1. Um dos seus melhores poemas, penso eu.
    Bem construído e com uma série de conceitos interessantes.
    Parabéns pelo talento poético que as suas palavras revelam.
    Ana, tenha uma boa semana.
    Abraço.

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  2. Tão verdade!... "Somos seres ocultos pela máscara de pele que vestimos"...
    Adorei este texto, da primeira, à ultima palavra!
    Num tom forte, marcante, avassalador... e uma belíssima escolha de imagem, como suporte!
    Excelente postagem!!!!
    Beijinhos! Boa semana!
    Ana

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  3. "O que se passa por dentro,
    ninguém vê.
    Todos sangramos.
    Estamos vivos!
    Um excelente poema!
    Beijo.

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  4. Uma máscara que se molda e cresce connosco.

    Beijinhos

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  5. Quem sou eu sem a minha máscara.
    clap! clap! clap!
    Ma-ra-vi-lho-so.

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  6. poesia tensa e vibrante. como cordas de um violino afinado.

    gosto muito

    beijo

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  7. a máscara que mais usamos é a que encobre nossa dor.

    Beijos no coração, Ana!

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