sábado, 20 de agosto de 2011

Disse-lhe Até amanha


Disse-lhe até amanha
Pois tinha de partir
Mas no fundo Eva sabia bem
Que era tempo demais.
A música deixou de tocar
Soando apenas a melodia pela porta mal fechada.
E numa imagem tão solitária mas tão segura de si
Ficou ela na sua poltrona face à lareira
Na companhia das suas loucuras tão sãs
Inventando mil e um ideais,
Querendo ser o que já foi,
Desejando esse amor para ela,
Tendo a seus pés os perdões rasgados de quem já partiu.
Enquanto saboreia um copo meio cheio de tudo
E meio vazio de nada
que se deixa cair no chão dando origem ao caos
que surgirá no seu ser adormecido por entre os espelhos quebrados.
Desejará acordar num amanha tão próximo como o corpo (do)Desejado
que partiu.
Por entre as pétalas de rosa trazidas pela brisa que trará o seu destino:
O Desejado que terá como um único Destino o regaço vazio de Eva
Tão vazio de presença mas cheio da ausência Desejada.

2 comentários:

  1. Gostei imenso do teu poema.
    Apesar de estar muita coisa nas entrelinhas...
    Beijo, querida amiga.

    ResponderEliminar
  2. Bonito Triste Poema

    Aqui se encontra a essência de um povo e seu fado, um fado triste, danado, cansado de se não realizar a utopia. A utopia dos descrentes é a confirmação perpétua da inatingível dor, muitas vezes mitigada pela própria resignação, outras, terrivelmente agressora da manutenção da própria vida. Mas, ..., para os audazes isso não existe, é como o Sol, como Chuva e como a Noite, perfeitos e imperfeitos como os olhos de quem os olha.
    Adoro a Alma Inspiradora (com maiúsculas)
    Beijinhos (comentário feito com muito gosto:) )

    ResponderEliminar