domingo, 31 de janeiro de 2010

Julgados por sentir

As pessoas não se apaixonam porque querem.


O amor acontece simplesmente.



 

De repente apercebo-me e não me posso admirar pelo facto de por pequenas coisas haver preconceito (como por exemplo em relação a pessoas com deficiência). Por esse motivo muito menos me admiro quando se julga as pessoas por terem sentimentos de afecto mais íntimo por outra do mesmo sexo.

Não compreendo o porquê de as pessoas acharem anormal o amor. É um sentimento universal e o mais belo.

Para muitos a homossexualidade é uma doença porque é vista como sendo contra a natureza. Tal até é difícil de compreender porque tal sempre existiu, embora tenha sido abafado por muitos. É contra natura porquê? Porque se considera que a única vertente do casamento é ter filhos? E o que se pode dizer das pessoas casadas que não os têm? Também são homossexuais?

Alguns consideram que tal põe em causa a espécie humana (uma vez que não há reprodução). O que vejo é que de repente estão todos a pensar que esta situação irá generalizar-se e que todos se tornarão homossexuais e que a espécie humana irá acabar.

É verdade que com certeza,  existirá uma percentaghem razoável de homosexuais. Contudo, muitos estão na sombra por vergonha ou por sentirem que não serão compreendidos pelos familiares, amigos, pela sociedade. Basta pensar  por exemplo, na quantidade de sinónimos que é possível aplicar para a palavra homossexual: gay, maricas, paneleiro, mariconço, “joga no outro campo”, “gosta de jogar basquete”, fufas, lésbicas…., enfim uma quantidade de sinónimos que mostra a grande variedade de vocábulos da Lingua Portuguesa e por outro lado, uma grande capacidade de demonstrar, em alguns casos, de uma forma desagradável o que deveria ser encarado de uma forma natural e sem demasiados complexos.

Naturalmente que muitos não compreendem a homossexualidade e baseiam-se em estereótipos considerando que todas as pessoas que têm tiques mais “duvidosos” são homossexuais.

Considero que um homossexual não deixa de ser mais homem ou mais mulher por ter uma orientação sexual diferente. De repente, penso que os mesmos que criticam esta situação são capazes de aceitar com maior facilidade a traição no casamento, dizendo do género “foi uma facadinha no casamento, nada de importante”. Não será a traição muito mais grave que a homossexualidade por exemplo?

As pessoas devem ser livres de amar ou não?

Dificuldades em entender a adopção? É compreensível, especialmente quando a sociedade em que vivemos está alicerçada em valores familiares que se baseiam em grande parte na ideia do matrimónio que deve ser entre pessoas de sexo oposto para que possam reproduzir-se.

Quanto às crianças, considero que não se deve complicar a situação porque explicar que um casamento ocorre quando duas pessoas gostam uma da outra não é muito complicado e que nem sempre o casamento ocorre entre pessoas do sexo oposto. Aliás não há estudos científicos que provem que o facto de as crianças serem criadas com pessoas homossexuais possa a vir a ter influências negativas nas mesmas ou seja, que estas poderão igualmente tornar-se homossexuais. Na verdade, como se sabe, a família tem um papel importante na transmissão de valores, construção da identidade sexual etc.

Contudo, se virmos bem as coisas, as pessoas homossexuais são filhos de pais heterossexuais. Desta perspectiva teria mais lógica que estes fossem heterossexuais e não homossexuais.

Bem, a verdade é que é difícil mudar as mentalidades e só a longo prazo tal acontecerá. Nem toda a gente aceita a homossexualidade, o que é compreensível face á educação tradicional que muitos recebemos. Independentemente disso, o que me custa a aceitar é o facto de as pessoas serem capazes de discriminar, desrespeitar, criticar quem é homossexual. Será que é por acharem que não é algo normal? Será que é por fazer alguma confusão na cabeça de alguns?

Simplesmente digo: O que me faz confusão é a guerra, as traições, as mentiras, os jogos por interesse….enfim uma série de coisas que para muitos é aceite como normal mas que para mim não apresenta qualquer tipo de lógica.

De facto, a comunicação social salientou bastante esta situação o que em alguns casos, criou algum desconforto. Uns consideram que este passo de aceitar o casamento homossexual não veio na altura correcta devido à crise, que havia coisas mais importantes em que se pensar do que nisso. Eu digo que cada um tem as suas prioridades e tal não significa que esta situação seja menos importante que a crise.

Cada um tem as suas prioridades e é a partir delas que se deve construir a felicidade. Por isso encontrem a felicidade ao lado de quem esteja à vossa altura.

2 comentários:

  1. Eu nasci no seio de uma família heterossexual recebi todas as referências sociais de uma sociedade heterossexual e não vim a ser heterossexual.
    Tenho amig@s gays e lésbicas com filh@s e estes não se tornaram homossexuais pelas referencias que tiveram.
    Estudos há muitos !
    Trabalhos de campo é que precisamos! A realidade supera e de longe muitos estudos.

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  2. Querida amiga, admiro-te pela clareza das tuas ideias e pela forma desinibida como as colocas.
    Concordo com tudo o que dizes.
    Acrescento apenas um detalhe para tu pensares: o problema da adopção não está centrado na família de 2 pessoas com o mesmo sexo com filhos adoptados; o problema está nas outras crianças que, ao sabê-lo, poderão ser psicologicamente muito violentas com essas crianças; porque as crianças dizem o que pensam sem filtros e, neste aspecto, são por vezes muito cruéis. Mas isso muda, ainda que devagarinho...
    Querida amiga, bom fim de semana para ti.
    Um beijo.

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