domingo, 17 de janeiro de 2016

Foge de mim




Foto: Natalia Drepina


Foge de mim.

Não queiras saber do que não vês.

Os espelhos estão sonolentos

e não refletem o que sou.

 

Não queiras saber da nudez da pele,

nem da luz da carne.

Lembra-te que quando a noite cai,

fecho os olhos dentro das pálpebras

e enterro-os debaixo do sono.

 

Não me perguntes

pelas nuvens de algodão

que carrego aos ombros.

 

Não procures explicação

para o orvalho perfumado

que trago na boca.

Não há!

 

Não ouças os passos

que me levam a imagens passadas.

Não te conduzem a lugar algum.

 

Não procures o sol que ilumina a terra

e se infiltra no interior da pele,

pois descobrirás a sombra

que me acompanha.

 

Foge de mim.

A inspiração é tão profunda

Que faz doer os pulmões.

 

Foge de mim.

É possível que aqui

percas a respiração.

6 comentários:

  1. Com uma ameaça destas, quem não foge...? eheheh...
    Mas o poema é excelente, parabéns, uma vez mais, pelo talento que as tuas palavras revelam.
    Boa semana, querida amiga Ana.
    Beijo.

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  2. Não se pode fugir a esta respiração

    Bj

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  3. Olá, Ana
    Entrei aqui por acaso, e resolvi ficar um pouco para apreciar a óptima poesia que aqui se respira.
    Já me fiz tua seguidora para não te perder o rumo e voltar com mais tempo.
    Gostei imenso deste último poema, e a foto que o encima é maravilhosa.
    Votos de bom fim de semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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