segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Não sei



 
Foto: Madga
 
 
 
Não sei.

Não sabe ninguém

como incendiar o reflexo no espelho

quando estamos num quarto

a sós.

 

Não sei.

Não sabe ninguém

que o que parecia morto

está vivo

e domina o que não digo.

 

Não sei.

Não sabe ninguém

que sabor surge oculto

pois vem de dentro

como um vulto.

 

 

Não sei.

Não sabe ninguém.

que tenho sede dos teus lábios.

Tudo por causa do fogo

 descomunal e

inadmissível

 que me consome.

 

Não sei.

Não sabe ninguém.

que sou uma marinheira naufragada

num oceano de labaredas,

a esgotar os meus últimos

sopros de vida.

 

Não sei.

Não sabe ninguém

que somos uma giota

de desejo

impenetrável

nos corpos alheios.

 

Não sei.

Não sabe ninguém

que de cada vez

que a boca nega,

o corpo trai-me

e caio na minha armadilha.

 

Não sei.

Não sabe ninguém

que danço nas tuas mãos

quando te manténs vigilante

na minha insónia.

 

Não sei.

Não sabe ninguém

que apenas me pedes

penetração

sem palavras.

Por isso não escreverei

mais poemas.

 

Já não haverá regresso

nos meus passos.

1 comentário:

  1. Olá! Voltei a escrever em meu blog e sempre que volto a escrever procuro olhar blogs ou perfis com conteúdo parecido para acompanhar, propor parcerias, essas coisas... Gostei muito do seu e da forma como escreve, parabéns mesmo! Dê uma olhadinha no meu, se gosta também dos textos, talvez mais pra frente poderemos até combinar alguma divulgação ou parceria, se gostar do conteúdo, claro, hehe..

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    Grande Abraço!

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