domingo, 1 de março de 2015

Anatomia

 
Foto: Litovkin Sergey
 
 
A noite abre a janela.

Espreita o dia.

Persegue-a até à sombra

da escuridão.

De olhos fechados,

apagamos a luz.

 

Trazemos na pele

dos dedos

os segredo carnal.

há a necessidade de enlace.

Aproxima-te.

Deslize dos lábios.

Suspiro:

o breve respirar dos enamorados.

Acelera.

 

Acaricio-te o rosto.

Busco em ti o gosto

do sangue

que em mim pulsa.

 

Através do toque

penetramos no túnel de palavras.

Mergulhamos na água

da nossa intimidade.

Rodopiamos nos gemidos

húmidos.

 

Destruímos o limite contínuo.

Beijo suave.

Beijo penetrante.

Beijo curvo.

Despiste certo

no piso escorregadio do prazer.

 

É essa a anatomia do beijo:

conseguimos deslizar

nas curvas suaves

da nudez do corpo

e da alma,

enquanto sonhamos

com algo palpável.

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