Pela janela Maria viu que a noite não tinha estrelas.
Mas na solidão dos ponteiros do relógio
Ouvia o tique-taque.
Ouvia o tique-taque.
Mas lá no fundo da escuridão
Mergulhou a ténue solidão.
O relógio parou.
Viu à luz ténue do nevoeiro o teu rosto iluminado.
Correu para ti pois pensava que serias o seu amado.
Procurou no teus olhos
O brilho que queria que fosse o seu.
Serias a sua existência.
A sua alma e o seu corpo seriam teus.
Na ousadia se revelaram os corpos envolvidos pelo desejo e mistério.
Aspiraste o seu desejo com toques delicados.
Mas com espinhos acariciaste o corpo que dizias amar.
Fragmentaste a sua alma
E deixaste-a a esvair-se no sangue
E deixaste-a a esvair-se no sangue
Que um dia te fez pulsar.
E num amor tão louco que destruiu o jardim de rosas
Caiu a alma que se deixou amar
Pelas trevas criadas por si.
Amanheceu....
Maria volta a olhar pela janela
E o nevoeiro dissipou.
E o nevoeiro dissipou.
O relógio volta a contar o tempo.
A noite voltou a ter luar.
Partiste....
A noite permanece escura numa ténue solidão
Que se quebra docemente
Com um beijo de despedida eterno.
Mas que amor atribulado...
ResponderEliminarMagnífico poema, gostei imenso querida amiga.
Beijo.