sábado, 20 de agosto de 2011

Disse-lhe Até amanha


Disse-lhe até amanha
Pois tinha de partir
Mas no fundo Eva sabia bem
Que era tempo demais.
A música deixou de tocar
Soando apenas a melodia pela porta mal fechada.
E numa imagem tão solitária mas tão segura de si
Ficou ela na sua poltrona face à lareira
Na companhia das suas loucuras tão sãs
Inventando mil e um ideais,
Querendo ser o que já foi,
Desejando esse amor para ela,
Tendo a seus pés os perdões rasgados de quem já partiu.
Enquanto saboreia um copo meio cheio de tudo
E meio vazio de nada
que se deixa cair no chão dando origem ao caos
que surgirá no seu ser adormecido por entre os espelhos quebrados.
Desejará acordar num amanha tão próximo como o corpo (do)Desejado
que partiu.
Por entre as pétalas de rosa trazidas pela brisa que trará o seu destino:
O Desejado que terá como um único Destino o regaço vazio de Eva
Tão vazio de presença mas cheio da ausência Desejada.

domingo, 14 de agosto de 2011

Espero por ti noutro lugar

Espero por ti noutro lugar
No limiar dos sentidos
Onde ambos ficamos envolvidos
Pela  pele tão suave como cetim 
Que desliza por entre os dedos tão minuciosos
Tão leves, tão bem delineados
Que descobrirão por entre o tacto
O caminho que devem percorrer.
Deixemos a porta entreaberta
 deixemos que a luz se esconda
para que possamos iluminar esse lugar com a capacidade de amar
Tão ténue e tão ardente
Tão doce como o perfume que paira por entre as  paredes
sem limites para nos deter
Forradas com os desejos escondidos
e os prazeres que são secretos
para quem é cego e não sabe olhar
para quem surge no horizonte vital.
Tatuemos a nossa pele com as vontades e fantasias
que projectamos nos nossos dias
tão simples e banais
Deixemos as palavras para amanha
E selemos com o beijo tão leve e inocente
que está guardado no regaço de quem se ama
esse momento que construímos e apelidamos
como (amor) incondicional.