quarta-feira, 12 de março de 2014

Nada num Sopro


 
Foto: Onil 

Hoje escrevo sobre nada.

Não consigo escrever, já viste?

Não! Tenho a luz da inspiração apagada.

Ninguém me vê.

Sou apenas visível para quem me lê.

 

Sabes onde estou?

No abismo do papel

com a caneta apontada ao coração.

É assim que se morre

afogado num mar de Solidão.

 

O que escrevo é conjuntivo.

Expresso desejos, fantasias.

Aquilo que não digo.

Aquilo que penso é real.

Pode ser louco.

Expressa um instinto fatal.

Não vos assusteis.

Por me ler, nunca ninguém morreu.

Apenas eu.

 

Arranho as Palavras

por entre suspiros, ditongos que não ouves.

É assim que se abraça

o que o olhar não alcança.

Roubo os sonhos que eram teus.

Percorro corredores de Infinito.

O espelho não reflete nenhuma imagem.

A Poesia rouba-me o último suspiro.

Desobedeço.

Não caio nas duas margens.

 

Desvaneço-me na escuridão.

A sombra já não é minha.

É sombra do passado.

Os pássaros ficam no telhado pousados.

Deixo-vos as palavras derivadas de um corpo.

Nada.

Apenas um grito de uma Vida num Sopro. 

3 comentários:

  1. Prezada Ana Pereira sou seu seguidor e parabenizo-a por sua poesia. Ser poeta não é para qualquer um e eu não me julgo um poeta. Sou um escritor que em alguns momentos é agraciado com este dom maravilhoso que pertence aos poetas e poetisas. Parabéns e desejo-lhe felicidades.
    Robert Thomaz
    http://www.nossoslivrosfree.com.br/

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  2. Adoro suas poesias, são profundas ao msm tempo mostra tua meiguice e doçura, são lindas, parabens!!!

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    1. Muito obrigada :) É verdade que me deixo levar pelo que sinto no momento. Seja bom ou mau. É a minha forma de escrever. Tento ir buscar o melhor que me é possível para a ponta da caneta :) Abraço, Ana

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