sábado, 18 de julho de 2009

Do casamento ao pesadelo


O assunto que aqui vai ser exposto é algo que diz respeito à nossa sociedade. Estou a falar da violência doméstica. Vou tentar expô-lo de uma forma realista, para que não fiquem duvidas acerca das razões que levam a este flagelo social.
Os argumentos que vão ser aqui expostos têm apenas um carácter negativo, quero com isto dizer que ninguém poderá beneficiar com ele. Por isso, vou começar a apresentar as razões que considero mais importantes para o aparecimento deste problema que afecta milhares ou grande parte das famílias portuguesas.
O sonho de constituir família é partilhado pela maior parte das pessoas. No entanto, os casamentos são cada vez mais tardios, porque as pessoas devido à dificuldade em arranjar emprego, primeiro querem-se formar profissionalmente e a constituição da família passa para segundo plano. Mas a vida prega-nos partidas que fazem com que a carreira com que sempre sonhamos deixe de existir. Mas porquê?
Tudo começa com um sorriso, uma troca de olhares. O mundo fica mais colorido e é nesse mundo de cor, fantasia, inocência e sonho que o amor nasce. Entregamo-nos de corpo e alma a esse amor que nos faz viver. Fazemos tudo pela pessoa que pensamos ser a nossa alma gémea. A nossa inocência faz com que a nossa visão da vida seja a mais positiva possível. Acabamos por fazer as coisas na ignorância e não pensamos nas consequências.
Sentimo-nos felizes porque finalmente estamos com a pessoa que nos enche o coração. Mas o amor é traiçoeiro e faz com que aos nossos olhos tal pessoa se torne especial. O amor é o melhor disfarce para os defeitos e traições da pessoa amada. Amamo-la tanto que vemos nela todas as qualidades, mesmo que não as tenha, e os defeitos tornam-se insignificantes!
Se nos dizem mal do nosso amor, não acreditamos mesmo que seja verdade, porque para nós essa pessoa é perfeita. Quando vemos que estávamos errados custa-nos a admitir que fomos traídos. Mas muitas vezes as palavras bonitas permitem que tudo seja esquecido e perdoado. Mesmo que tudo se repita tentamos ignorar fechando os olhos ás traições.
São estas relações, que não baseadas na confiança, no companheirismo e imaturas, que acabam em relações falhadas e casamentos fracassados. Na verdade, nunca conhecemos realmente a pessoa que pensamos ser a nossa alma gémea Para muitos o casamento é a forma de conhecer profundamente o companheiro/a. Normalmente, é no casamento que melhor se revelam os defeitos e virtudes.
Com frequência ocorrem casos em que os adolescentes (principalmente) namoram com as raparigas para poderem satisfazer os seus desejos sexuais.
Ao princípio é tudo um mar de rosas, promessas e juras de amor eterno, depois tudo muda. Quando os rapazes já têm o que pretendem acabam por abandona-las com desculpas esfarrapadas. Elas tornam-se umas autênticas desconhecidas para eles, acabando mesmo por as raparigas ficarem com má fama.
A irresponsabilidade torna-se visível ao fim de nove meses com o nascimento de uma criança inocente sendo as raparigas culpadas por terem engravidado. Os rapazes tentam arranjar mil e uma desculpa para não admitirem a evidência: vão ser pais. É claro que não devemos culpar nem só o rapaz nem só a rapariga, porque ambos devem ser responsáveis pelos seus actos. Este é o principal motivo pelo qual as mães solteiras têm aumentado muito em Portugal.
O facto de os casamentos se tornarem uma obrigação porque as famílias não querem que as filhas sejam mães solteiras faz com que estas uniões sejam uma forma de encobrir os males feitos perante a sociedade.
Estes casamentos imaturos causam frequentemente a infelicidade para o casal. Ter um filho é a melhor coisa que pode acontecer na vida de uma mulher mas é quando se deseja, quando é com a pessoa amada e quando se tem condições para isso. Nestes casos nada disto acontece.
Sendo um casal jovem, estes são obrigados a abandonar os estudos a rapariga por causa da maternidade e os rapazes para tentarem arranjar emprego.
A família procura ajudar o casal contribuindo para o seu bem-estar e para o conforto da criança que irá nascer em breve.
Ao princípio até é capaz de se aguentar um casamento sem amor mas depois torna-se impossível. Se o amor não existe mesmo com o nascimento de uma criança então os problemas agravam-se. Como a família nao pode sustentar para sempre este casal, eles têm de arranjar emprego o que está muito complicado nos dias de hoje. Caso não encontrem ocupação eles arranjam "empregos" um pouco indiscretos: a rapariga entrega-se à prostituição. Os homens numa tentativa falhada de arranjar emprego metem-se na bebida, droga e muitas vezes mantêm relações paralelas com mulheres ricas para lhe apanhar o dinheiro.
Estes são os primeiros passos para o início de um pesadelo e o fim de um casamento…
Como sabemos os casamentos sem bases para "evoluir" causam o mau estar familiar e muitas vezes o divórcio. O facto de estarem desempregados, o stress, as relações paralelas, os problemas económicos, favorecem o aparecimento de maus-tratos. O refúgio na bebida, drogas e as tentativas de suicídio são as maneiras desesperantes para tentar acabar ou pelo menos tentar esquecer os problemas. O suicídio é muitas vezes a forma encontrada para acabar com o desespero de uma pessoa desiludida com a vida. As mães muitas vezes pensam suicidar-se mas se não o fazem é porque se lembram dos filhos, que para além de sofrerem, iriam ficar sem um amparo maternal. O stress com que é vivido cada dia faz com que os homens (especialmente) se vinguem na mulher e nos filhos. Esses maus-tratos podem ter origem não só naqueles problemas que atrás referi, mas também em doenças psicológicas que se foram desenvolvendo: alterações na personalidade e no humor.
As crianças embora não sejam vítimas directas dos maus-tratos (por vezes nao sofrem fisicamente, mas psicologicamente), à medida que vão entendendo o que se passa à volta delas, ficam com traumas para toda a vida. Tornam-se também pessoas violentas devido ao mau ambiente familiar e o aproveitamento escolar diminui.
As vítimas de violência doméstica sofrem em silencio pois têm medo de represálias da parte da família e da sociedade. Passam a viver num clima de insegurança e de medo. É importante referir que mesmo quando o divórcio é conseguido elas continuam a viver num clima de insegurança uma vez que são perseguidas e atormentadas pelas ameaças dos ex-maridos.
A muito custo conseguem denunciar os seus casos ás autoridades policiais, e estas perante factos mais do que visíveis nao actuam e se o fazem não é eficazmente. Dizem não terem provas, e por isso estes casos são muitas vezes adiados e mesmo arquivados.
Durante todo este tempo estas vítimas vivem num sufoco, como num labirinto, pesadelo sem fim. Muitas vezes este pesadelo tem um final trágico para o "monstro” e um final feliz para a "bela". As vítimas acabam por matar os maridos em legitima defesa. Podemos dizer que este conto de “a Bela e o Monstro é a versão moderna do século XXI.
A violência que existe entre o casal também se deve ao facto de o homem querer manter o controlo sobre a mulher. Isto deve-se ao facto de desde sempre a mulher ter sido considerada um ser frágil e inferior.
As pessoas também deixam-se levar pela crença popular (entre marido e mulher não se deve meter a colher) e de certa forma é verdade, o casal deve tentar resolver os seus problemas a bem. Mas como já disse as pessoas preferem não se meter neste tipo de brigas conjugais e a vitima (que neste caso costuma ser a mulher) sofre as agressões sem dizer nada a ninguém. Mas eu penso que no fundo ambos (tanto o homem e a mulher) são vitimas. A mulher porque sofre as agressões. Poderemos pensar que se calhar também o homem também poderá ter sofrido na pele as agressões quando era mais novo. Não teve quem o apoiasse e ao agredir sente que se está a vingar das pessoas que não o ouviram e que não o ajudaram. Os agressores devem por isso ser acompanhados por um psiquiatra porque eles assim podem desabafar e quem sabe poderão ultrapassar o seu trauma. Se apenas for julgado e o meterem na cadeia ele quando sair de lá repetirá tudo de novo e isso será muito mau… e quem sabe se forem ajudados eles tornar-se-ão melhores e poderão recomeçar, reconstituindo uma família e serem felizes. Por isso é que digo que ambos são vitimas de certa forma.
Penso que apesar de ainda haver muito preconceito as pessoas compreendem e não sentem tanto medo de falar deste tipo de problema. Vivemos numa sociedade mais compreensiva
Na minha opinião estamos a caminhar a passos largos para uma mudança, (quero acreditar que pode ser para melhor), no entanto esta só é possível se todos contribuírem para uma sociedade melhor e com novas ideias. Por isso, basta acreditar que tudo se pode transformar, para lutarmos por um mundo melhor.
Não interessa o que fazemos, mas sim como o fazemos, pois o que fizermos agora poderá ser para nosso benefício ou malefício no futuro. Istosão apenas suposições que poderão ser constatadas na posteridade. Por fim só me resta dizer que “O nosso futuro está nas nossas mãos”.

2 comentários:

  1. Que péssima escolha de palavras!!!
    Absolutamente ridículo!!

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  2. No essencial estou de acordo contigo.
    Ao contrário do anónimo, gostei da forma como o disseste.
    Um beijo, querida amiga.

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